24.7.08

Um homem e o seu Destino

Voltei hoje ali. Há quantos anos eu comprava ali livros que ficaram sei lá onde ou quero lá saber onde, que tanto faz. Livros que terei lido, livros que terei tido vontade de ler, livros que em caso algum viria a ler.
Ali estava à minha espera, o livreiro de alfarrábios. Só que desta vez, restava dele uma fotografia. Reconheci-o, igual, substituído por um filho, a manter a porta aberta, em última homenagem a um pai que gostava de livros.
Sei lá hoje o que sucederá ao que dali trouxe e esforço-me por não querer saber.
Subi a rua, em gratidão interior ao Destino que me proporcionou ir ali. Cruzei-me com ele, meio desperto, quase, atrasado, a perder o encontro. Fomos ambos remoer um momento em que havia um livreiro vivo e um leitor a viver do que lia. Hoje voltei ali e uma fotografia do que fui seguiu comigo, castigando-me, contristado, a memória.