24.7.08

Um homem e o seu Destino

Voltei hoje ali. Há quantos anos eu comprava ali livros que ficaram sei lá onde ou quero lá saber onde, que tanto faz. Livros que terei lido, livros que terei tido vontade de ler, livros que em caso algum viria a ler.
Ali estava à minha espera, o livreiro de alfarrábios. Só que desta vez, restava dele uma fotografia. Reconheci-o, igual, substituído por um filho, a manter a porta aberta, em última homenagem a um pai que gostava de livros.
Sei lá hoje o que sucederá ao que dali trouxe e esforço-me por não querer saber.
Subi a rua, em gratidão interior ao Destino que me proporcionou ir ali. Cruzei-me com ele, meio desperto, quase, atrasado, a perder o encontro. Fomos ambos remoer um momento em que havia um livreiro vivo e um leitor a viver do que lia. Hoje voltei ali e uma fotografia do que fui seguiu comigo, castigando-me, contristado, a memória.

4.7.08

Espaço de memória

Cheguei ontem aqui pela noite carregado de tralha para montar a exposição. Os livros da minha biblioteca já cá estão em parte, passarei o fim-de-semana a arrumá-los, os documentos vão chegando. A partir daqui é só ir aumentando o espólio, agradecer a quem quiser ter a generosidade de contribuir. O tema mais imediato, a guerra secreta em Portugal entre 1939-1945.
Será um espaço de memória, sedeado em Faro. Inaugura-se a 12, pelas 17:30 com uma exposição sobre o Ian Fleming e uma exposição de pintura de Sonia Cabañas Cortés, uma mexicana radicada no Algarve. A tipografia entrega-me os exemplares do livro que escrevi sobre o autor do 007 precisamente na véspera. Oxalá não falhem na hora. Domingo pela noite estarei a rever os painéis do que será exposto.
No mais, será um local dedicado à cultura, uma livraria, o que puder ser para que a humanidade floresça.
Para a Liliana, minha camarada de empreendimento, é uma forma de regressar às raízes, para mim que sou um apátrida, uma forma de ficcionar que as deixo.