Há dias em que uma pessoa se pergunta se vale realmente a pena vir aqui dar conta de si, dos seus pensamentos, dos sentimentos, das opiniões e dos presságios, quando não daqueles personagens fictícios num mundo de seres reais.
A dúvida não tem a ver com o ser lido, porque há por vezes alegria no beco do fala-só; a dúvida nasce precisamente do modo como se é lido. É que neste teatro lírico de heróis, mestres cantores da epopeia dos seus feitos ou dolentes vates dos seus funestos desamores, as fantasias podem tornar-se burlescas.