28.3.08

O romance

Depois de ter escrito um livro de contos, debato-me com a ideia de voltar a escrever um outro livro de contos, por não ser capaz de, em ficção, escrever mais do que livros de contos. «E porque não um romance?», perguntou em tempos o amável editor. Ainda por cima escrever romances, grandes romances porque espessos romances, é o que está a dar.
Esta noite, cansado de nada escrever, a ideia dos contos a matraquear-me a cabeça, o pesadelo do romance impossível, descobri o problema, o não saber como se escreve um romance. Não que os não haja lido e li alguns poucos; sim, porque não entendi nunca como se redigem.
Foi agora mesmo, ao tentar encontrar espaço para um livro antigo, de ensaios literários, que o António Quadros escreveu em 1964 e a que chamou «Crítica e Verdade», que me chegou a fórmula final. Falava ele do Vergílio Ferreira e diz que os seus romances são «filosofia no concreto e romance no abstracto».
Agora é só ser capaz de ter alguma coisa sentida no virtual que consiga dizer no real.