«As pessoas que eu admiro são aquelas que nunca acabam». A frase é do José de Almada Negreiros. Lembrei-me dele porque esta manhã acordei com os sinos da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, da qual ele desenhou os vitrais, a tocarem, trazendo-me à superfície do despertar um mundo iluminado. Já ontem à noite eles convocaram os fiéis para a Missa do Galo. Nunca antes, embalando a minha dormência, me pareceram terem ecoado tão longe e tão profundamente, no silêncio do Natal.
Almada, que no dizer do professor Pardal Monteiro, foi o mais arquitecto dos pintores portugueses, disse da alegria que ela é «o prémio dos longos dias sem fim: é aquela hora propícia aos que a souberam esperar»! Eis, pois, um Bom Natal, para vós, habitantes da eternidade.