A solidão é um veneno doce que anestesia lentamente, antes de matar. Mata, embalsamando o corpo e volatilizando a alma. Mirrado de tristeza, diáfano de fantasia, o solitário dá normalmente em poeta. Nos seus livros vai morrendo em episódios. No funeral, tudo que poderia haver, faltou: já não há viúva, os amigos não se aperceberam, os filhos estavam longe, o mundo estava ocupado. Segue-se a vala comum do esquecimento, aí sim, finalmente, a companhia dos outros, mortos prosaicamente.