13.12.08

Chove chuva

Acordar e estar tudo a chover. Capacitar-se uma pessoa que vai ser difícil sair de casa sem razão. Horror! Antecipar os pés molhados, uma constipação, uma gripe, uma pneumonia, ficar, enfim, de cama muito tempo, com motivo. Maravilha! Viver na cabeça as duas estações e a preocupação de já não haver quatro. Ter a consciência social das alterações climáticas e sua causa. Ter a consciência individual de não apetecer preocupar com nada.
Acordar e ser sábado. Não ter necessariamente que trabalhar e ter obrigatoriamente que trabalhar. Talvez escrever. A chuva é amiga das ideias de interior, dos pensamentos recolhidos, dos mimos domésticos, do perdoar o mal do espírito pelos bem dos corpos.
Da minha janela vejo quem venha comprar o jornal, fustigado de vento, como se o mundo sem notícias tivesse perdido a capacidade de chover.