18.11.08

O improvável leitor

De súbito alguém nos diz algo que nos revela que lê o que escrevemos. Estranho embaraço. E no entanto quem escreve fá-lo para ser lido. Quem escreve fantasia muitas vezes um leitor e dá consigo a escrever como se escrevesse uma carta. Um post é uma carta aberta a um meu caro leitor privado.
Mas há leitores improváveis, que não imaginaríamos que nos pudessem ler. Quando um desses soergue o dedo, por mais discreto que seja, há um sentimento boquiaberto que nos invade a alma atónita. E depois, na vez seguinte, quando o papel em branco nos espera, se nos lembramos dele?
É o que se está a passar agora. Encontrei-o, ao meu improvável leitor, num restaurante, pela hora do almoço. Deu-me a palavra de passe para que eu o identificasse, gabando a minha actualizada fotografia. Respondi-lhe dizendo que estou na idade em que já preciso de retocar a imagem, sobretudo quando pareço mais novo. Tenho-o agora aqui comigo, por cima do meu ombro a ler-me em cada linha. Acho que ele vai gostar de se ler aqui. Boa noite, amigo! Uma noite descansada! Prometo escrever pouco. Encontramo-nos amanhã neste local. A esta hora ou um pouco depois.