23.11.08

O gritar aflito

Já a ventoinha fazia cuá cuá, num gritar aflito que anunciava o seu fim. Com a morte iminente daquilo que o refrigerava, sobreaquecido, já só funcionando intermitentemente, o velho computador chegava ao fim dos seus dias. O mundo amável que dera a luz, com a generosidade que só as almas puras em si transportam, corria o risco de interromper-se. Foi então que chegou aquele que o iria substituir. Novo, belíssimo, potente, dir-se-ia que, ao desligar-se da rede, a velha máquina sorria. Multiplicara em actos o seu amor pelos outros, a sua ânsia de viver ao dar vida.