24.11.08
O direito à vida
Quando em vez de se viver se lê e se vive a vida através da escrita, há o risco de confundirmos o sucedido com o relatado e os leitores trocarem o ocorrido com o relatado. Neste jogo de espelhos, quanto mais se ficciona mais convicção de verosimilhança se transmite. Depois, há um dia em que o autor exige ao seu público que lhe aceite um desmentido. Impossível. Atingiu então o momento em que se tornou escritor. O direito à sua identidade perdeu-se em cada uma das páginas lidas, em cada um dos livros escritos. Passou a ser o melhor intérprete da sua personagem.