30.1.09

A alucinação nocturna

O que leva alguém a conseguir escrever? Porque sucede em alguns dias só nos existirem as palavras necessárias? Há no deserto um sono feito de desolação e de miragem. De noite sob as estrelas. Talvez sejam estes os alimentos da literatura. Na poética há a alucinação nocturna, a febre diária, as convulsões do acto criador.
Tenho um livro para devolver, que já me lembraram que no tinham apenas emprestado. Tenho de o tirar da estante com um escadote. É esta inacessibilidade que dá grandeza à: sobeja-nos sempre à vontade.
Depois ficamos triste por causa do livro não escrito e por causa do livro não lido. Só no acto de se nos formarem as palavras sentimos um breve contentamento.
Escrevo isto tudo porque o dia está a acabar. Se não estivesse muito cansado ia ler. Assim nem escrevo. Excepto isto, que é um lugar comum na obra de criação.