28.12.08

Perpetuum mobile

Houve um tempo em que esta música foi companhia. Repetida, incessante, enleante, uma helicoidal sonora, a hélice acústica de um turbilhão interior, o ronronar reconfortante do adormecer a alma em paz. Houve um tempo em que um programa de rádio eu, anónimo, clandestino, ignorado, abria o microfone e falava, apenas a voz traindo o meu ser inesperado, abria e encerrava sem outro indicativo a não ser esta música. Esta música, precisamente.