12.4.13

A Rosa é sem porquê

Nasce-se, solto do ventre de que fizemos parte, e vive-se em busca da reintegração. É-se o animal social porque julgamos que os outros nos preenchem a incompletude do Ser, fazendo-nos companhia na semelhança. 
Mas não só de pão vive o Homem. E o apelo da essência torna-se incómodo para os que sabem ler as vísceras simbólicas do esventramento que é o oferecermo-nos ao Tempo, angústia para os que pressentem o acanhamento do Espaço. Progressivo, inexorável mesmo quando circular.
É mais fácil uma Igreja quando provém dos que nos antecederam,a religião dos nossos maiores. Mesmo que com frouxa aderência. Sobretudo quando garante o Paraíso ante o vale de lágrimas. É muito difícil quando nos questionamos a verdade íntima dessa amor unitivo com uma Fé. E se perde a esperança.
Depois, são todos os caminhos possíveis em que se buscam nos arcanos da Tradição a lápida oculta de uma transcendência. Até que um dia há a náusea de sentirmos da profanização o cheiro.
Nocturno, o Homem busca na avidez da carne o êxtase. Na privação confunde-se, alucinado, com a aparência da Rosa mística. A Rosa sem porquê.