26.4.07

Uma vida de reclusão

Entreguei hoje, enfim, terminado o texto final, revisto, as provas a granel do que será um livro de contos. Como por razões editoriais tinha que se dar à obra uma certa unidade sistemática, tive que inventar um conto final, para o encerrar com lógica e coerência. Sem tempo, escrevi-o em improvisação dorida. Depois de o ler, senti-me no internato da vida. Foi sobre isso que escrevi precisamente, numa lamúria biográfica de uma vida que me roubaram.

25.4.07

A enxada

Graças à amabilidade do MCR, estive em Matozinhos, com a Madame Kamikaze, a assistir ao notável encontro organizado pelo Francisco Guedes sobre a Literatura em Viagem. Foi aí que o vi, ao laureado escritor, o Germano Almeida, de que eu lera já dois livros. Alto, tímido, fixava-me. Numa das voltas do vaivém entre o almoço e o autocarro, surpreendeu-me: «já não se lembra de mim, mas deu-me aulas de Direito Penal, em 1976». Fiquei atónito pela amnésia, mas mais ainda por me ter cruzado, sem o saber, com quem viria a ser aquilo que hoje é. Fui então ler «O Testamento do sr. Napumoceno da Silva Araújo», aquele que escreveu: «sempre considerei a escola a enxada do pobre». Cá estamos amigo! Tu advogas no Mindelo, eu por Lisboa. Trinta e um ano depois, agarrados à enxada, a abrir o coval!